Lição 3: Não terás outros deuses
Data: 18 de Janeiro de 2015
TEXTO ÁUREO
“Ouve, Israel, o SENHOR, nosso Deus, é o único SENHOR” (Dt 6.4).
VERDADE PRATICA
O primeiro mandamento do Decálogo é muito mais que uma apologia ao monoteísmo; trata-se da soberania de um Deus que libertou Israel da escravidão do Egito.
LEITURA DIARIA:
Segunda - 2Rs 19.15 O rei Ezequias introduz a sua oração com uma expressão monoteísta
Terça - Ne 9.6 Neemias ressalta o monoteísmo na sua oração retrospectiva
Quarta - Mc 12.28-30 O Senhor Jesus ensina que Deus é único, o Criador dos céus e da terra
Quinta - Jo 17.3 A unidade de Deus não contradiz a divindade de Jesus
Sexta - Ef 4.4-6 O monoteísmo judaico-cristão não contradiz a doutrina da Trindade
Sábado - 1Co 8.6 O cristianismo é uma religião monoteísta
LEITURA DIARIA EM CLASSE: Deuteronômio 5.6,7; 6.1-6.
5.6 - Eu sou o SENHOR, teu Deus, que te tirei da terra do Egito, da casa da servidão.
7 - Não terás outros deuses diante de mim.
6.1 - Estes, pois, são os mandamentos, os estatutos e os juízos que mandou o SENHOR, vosso Deus, para se vos ensinar, para que os fizésseis na terra a que passais a possuir;
2 - para que temas ao SENHOR, teu Deus, e guardes todos os seus estatutos e mandamentos, que eu te ordeno, tu, e teu filho, e o filho de teu filho, todos os dias da tua vida; e que teus dias sejam prolongados.
3 - Ouve, pois, ó Israel, e atenta que os guardes, para que bem te suceda, e muito te multipliques, como te disse o SENHOR, Deus de teus pais, na terra que mana leite e mel.
4 - Ouve, Israel, o SENHOR, nosso Deus, é o único SENHOR.
5 - Amarás, pois, o SENHOR, teu Deus, de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu poder.
6 - E estas palavras que hoje te ordeno estarão no teu coração.
OBJETIVO GERAL
Amar a Deus, temê-lo e adorá-lo de todo o coração e sinceridade.
NÃO TERÁS OUTROS DEUSES
Quando lemos o primeiro e grande mandamento do Decálogo, qual sentido ele nos traz?
Será que se refere à questão meramente racional e religiosa, como a quantidade exata das divindades no céu? Ou apenas se refere a se podemos ou não ter estátuas em casa, fotografias, artes plásticas de alguma pessoa? Ou se trata apenas de um texto apologético contra as imagens de esculturas refletidas hoje nos "santos da igreja romana"?
O primeiro mandamento está interligado ao segundo, e pode-se dizer que ambos estão divididos em três partes: (1) "Não terás outros deuses diante de mim." (2) "Não farás para ti imagem de escultura, nem alguma semelhança do que há em cima nos céus, nem em baixo na terra, nem nas águas debaixo da terra." (3) "Não te encurvarás a elas nem as servirás." Essa é uma informação importante para nos esclarecer a respeito do por que desse mandamento ser tão especial ao povo judeu. Não por acaso, Deus constituiu o Shemá Israel, isto é, o "Ouve ó Israel, o SENHOR, nosso Deus, é o único SENHOR"; a profissão de fé do monoteísmo judeu. O medo de cair na idolatria faz com que as pessoas preocupem-se em jogar fora as esculturas de artes de casa, fotografias de familiares ou simplesmente passar longe de alguém que professa outra tradição religiosa. Mas não é bem isso que o primeiro mandamento nos ensina. Deus abomina que as pessoas atribuam a uma imagem, que tenta ser uma representação dEle, a adoração que é devida só a Ele; e também que usem a sua imagem para fins equivocados, como ganhar dinheiro ou fazer, em nome dEle, o mal, a perversidade. A nação de Israel não poderia também reproduzir outras divindades, como a de Faraó, seus pressupostos religiosos e culturais, pois a nação havia sido libertada para sempre. Por isso Jesus repete o mesmo mandamento: "Nenhum servo pode servira dois senhores" e "Não podeis servir a Deus e a Mamom (Lc 16.13).
O dinheiro e o poder estão entre os "deuses" deste século. Mamom foi o único "deus" que o nosso Senhor chamou pelo nome. Muitos são os elementos produzidos por Mamom: o "deus" dinheiro, a competição, o "deus" televisão, o "deus" internet, o consumismo etc. O problema hoje quanto à idolatria não se dá no campo do politeísmo, pois a maioria da população, ao menos no Brasil, não acredita nos deuses antigos. Mas se a questão for analisada do ponto de vista dos "deuses" que disputam a atenção da nossa mente e coração, então a coisa muda de figura. Portanto, o convite de Deus para o seu povo é o de amaIo de todo coração, com toda a força do pensamento e de toda a alma. Ele é o único e eterno Deus das nossas vidas!
Revista ensinador. Editora CPAD. pag. 37
COMENTÁRIO
Deus é um Ser singular. Por isso, a nossa adoração e devoção devem ser exclusivas.
INTRODUÇÃO
O primeiro mandamento vai além da proibição à idolatria; é contra o politeísmo, seja em pensamento, seja em palavras. O propósito é levar Israel a amar e a temer a Deus, e a adorar somente a Ele com sinceridade. Deus libertou os israelitas da escravidão do Egito e por essa razão tem o direito ao senhorio sobre eles, da mesma maneira que Cristo nos redimiu e se tornou Senhor absoluto da nossa vida.
I. A AUTORIDADE DA LEI
1. A fórmula introdutória do Decálogo. Os Dez Mandamentos estão registrados em dois lugares na Bíblia (Êx 20.1-17; Dt 5.6-21). A fórmula introdutória: “Então, falou Deus todas estas palavras, dizendo [...]” (Êx 20.1), é característica única, como disse o rabino e erudito bíblico Benno Jacob: “Nós não temos um segundo exemplo de tal sentença introdutória”. Nem mesmo na passagem paralela em Deuteronômio é repetida, mas aparece de maneira reduzida ao mínimo absoluto.
2. As partes do concerto. O prólogo dos Dez Mandamentos identifica as partes do concerto do Sinai: “Eu sou o SENHOR, teu Deus, que te tirei da terra do Egito, da casa da servidão” (Dt 5.6; Êx 20.2). Estas palavras são a fonte da autoridade divina da lei e o prefácio de todo o Decálogo. É o termo legal de um pacto. De um lado, o próprio Deus, o autor do concerto, e de outro, Israel, o povo a quem Deus escolheu dentre todas as nações (Dt 4.37; 10.15). O nome de Israel não aparece aqui, pois não é necessário. Deus se dirige ao seu povo na segunda pessoa do singular porque a responsabilidade de servi-lo é pessoal, é para cada israelita, mas está claro que o texto se refere a Israel-nação.
3. O Senhor do universo. Alguns críticos liberais, com base numa premissa falsa sobre a composição dos diversos códigos do sistema mosaico, querem sustentar a ideia de um Deus tribal ou nacional na presente declaração. São teorias subjetivas que eles procuram submeter a métodos sistemáticos para dar forma acadêmica ao seu pressuposto. Mas o relato da criação em Gênesis e do dilúvio, por exemplo, fala por si só da soberania de Jeová em todo o universo como Senhor do céu e da terra, reduzindo as ideias liberais a cinzas.
4. A libertação do Egito. A segunda cláusula — “que te tirei da terra do Egito, da casa da servidão” — é uma explicação de como se estabeleceu o concerto. Estava cumprida a promessa de redenção feita a Abraão (Gn 15.13,14). A libertação de Israel do Egito prefigura a nossa redenção, pois éramos prisioneiros do pecado e Cristo nos libertou (Jo 8.32,36; Cl 1.13,14). É legítimo o senhorio de Deus sobre Israel da mesma maneira que o Senhor Jesus Cristo tem o direito de reinar em nossa vida (Gl 2.20).
SUBSÍDIO DIDÁTICO
O primeiro tópico deseja mostrar a autoridade da Lei, como advinda de Deus, por meio da fórmula apresentada no primeiro versículo de Êxodo 20: “Então, falou Deus todas estas palavras, dizendo [...]” (v.1). Tal característica no texto antigo é única e absoluta. Não é Moisés falando por si mesmo, mas o texto revelando que foi o próprio Deus quem descreveu, por intermédio de Moisés, a introdução ao Decálogo. Posteriormente, o versículo 2 acrescenta: “Eu sou o SENHOR, teu Deus, que te tirei da terra do Egito, da casa da servidão”. O Deus de Israel identifica-se como o Libertador do cativeiro que assolava a nação.
II. O PRIMEIRO MANDAMENTO
1. Um código monoteísta. O pensamento principal do primeiro mandamento abrange a singularidade e a exclusividade de Deus. Esse mandamento é o fundamento da vida em Israel, a base de toda a lei e de toda a Bíblia. Jeová é o único e verdadeiro Deus e somente Ele deve ser adorado (Mt 4.10). É a primeira vez que um código de lei apresenta a existência de um só Deus: “Não terás outros deuses” (Dt 5.7; Êx 20.3). Os povos da antiguidade eram politeístas, pois adoravam a vários deuses.
2. Idolatria do Egito. Os antigos egípcios empregavam o termo TaNeteru, “terra dos deuses” para o seu país. Havia no Egito uma proliferação de deuses como as tríades Osíris, Ísis e Hórus, divindades padroeiras da cidade de Ábidos; Ptah, Sekhmet e Nefertum, de Mênfis. Amon-Rá, Mut e Khonsu, de Tebas. Os israelitas viviam em meio a essa cultura pagã.
3. Como Israel preservou o monoteísmo de Abraão? Os egípcios abominavam os pastores de ovelhas, principal atividade dos filhos de Israel. Por essa razão os hebreus foram viver em Gósen, separados da idolatria (Gn 46.34). Agora, o próprio Deus comunicava por meio de Moisés sua singularidade e exclusividade. Era a revelação da doutrina monoteísta.
SUBSÍDIO TEOLÓGICO
“Este primeiro mandamento trata diretamente do cerne da relação pressuposta pelo tratado entre soberano e vassalo. O Senhor, em virtude de eleger e libertar salvadoramente o povo tirando-o de outro senhor (o Egito), ordena aos israelitas a empreender e manter uma atitude de lealdade indivisa a Ele. ‘Não terás outros deuses diante de mim’ (v.3) é uma afirmação categórica das reivindicações exclusivas do Senhor de domínio e adoração. Violar este mandamento é repudiar a totalidade de relação do concerto, pois se trata nada mais nada menos, de alta traição” (ZUCK, Roy (Ed.). Teologia do Antigo Testamento.1ª Edição. RJ: CPAD, 2009, p.51).
III. EXEGESE DO PRIMEIRO MANDAMENTO
1. Outros deuses. As palavras hebraicas aherim e elohim, “outros deuses”, referem-se aos falsos deuses. O substantivoelohim se aplica tanto ao Deus verdadeiro como aos deuses das nações. No primeiro caso, é usado para expressar o conceito universal da deidade, como encontramos no capítulo inteiro de Gênesis 1, pois expressa a plenitude das excelências divinas.
2. O ponto de discussão. A expressão “diante de mim” (Dt 5.7b), em hebraico, al-panay, é termo de significado amplo: “além de mim, acima de mim, ao meu lado, oposto a mim, etc.” Essa variedade de sentido pode levar alguém a pensar que o primeiro mandamento não proíbe o culto dos deuses, mas a adoração aos deuses diante de Deus. Há quem defenda tal interpretação, mas é engano, pois o propósito de al-panay aqui é mostrar que só Jeová é Deus. Não existe nenhum deus além do Deus de Israel (Is 45.6,14,21; Jo 17.3; 1Co 8.6). Os deuses só existem na mente dos gentios (1Co 8.5) e não sãos reais (Gl 4.8). Os ídolos que os pagãos adoram são os próprios demônios (1Co 10.19-21).
3. O politeísmo. É a prática de adoração a mais de uma divindade. Esta era a prática dos cananeus e de todos os povos da antiguidade, e continua ainda hoje em muitas culturas. O termo vem da língua grega, reunindo polys, “muito”, e theos, “deus”. Isso significa que o politeísta serve e adora a vários deuses, e não o simples fato de reconhecer a existência deles. Trata-se de um sistema oposto ao monoteísmo (monos, “único”), a crença em um só Deus, revelado nas Escrituras Sagradas (Dt 6.4).
SÍNTESE DO TÓPICO (III)
O politeísmo é a prática da adoração a mais de uma divindade. Esta fazia parte da cultura dos cananeus e dos povos da antiguidade.
SUBSÍDIO TEOLÓGICO
A principal divindade reconhecida pelos cananeus tinha o nome de El, a quem creditavam a liderança do panteão. Era uma figura um pouco obscura, adorada como ‘pai do homem’ e ‘pai dos anos’. Uma estela desenterrada em Ras Shamra mostra-o sentado num trono, com uma mão levantada em sinal de bênção, enquanto o governante de Ugarite lhe oferecia um presente. Sua consorte era Aserate, conselheira dos deuses e conhecida pelos israelitas como Aserá” (HARRISON, R. K. Tempos do Antigo Testamento: Um Contexto Social, Político e Cultural. 1ª Edição. RJ: CPAD, p.162).
IV. O MONOTEÍSMO
1. Os mandamentos, os estatutos e os juízos. Essas palavras denotam toda a lei do concerto (Dt 6.1,2). A pedido do próprio povo, Moisés passa a relatar, a partir daqui, as palavras que Deus lhe disse no monte (Dt 5.27-31). A ordem aqui tem por objetivo estreitar a relação de Deus com os filhos de Israel quando entrarem na Terra Prometida. O povo precisava ser instruído para viver em obediência e no temor de Jeová, e assim possuir a terra dos cananeus por herança (Dt 4.1).
2. O maior de todos os mandamentos. Note que a frase “o SENHOR, nosso Deus, é o único SENHOR” (Dt 6.4) é citada por Jesus Cristo como parte do primeiro e grande mandamento da lei (Mc 12.29,30). Essa é a confissão de fé do judaísmo e, ainda hoje, os judeus religiosos recitam-na três vezes ao dia.
3. A Trindade na unidade. A palavra hebraica usada aqui indica uma unidade composta, por isso o monoteísmo judaico-cristão não contradiz a doutrina da Trindade. A mesma palavra é usada para afirmar que marido e mulher são “uma só carne” (Gn 2.24). A expressão “o único SENHOR” se traduz também por “o SENHOR é um” (Zc 14.9). A Bíblia Hebraica, tradução judaica do Antigo Testamento para o português, traduz o termo como “o Eterno é um só”. Além disso, vemos a Trindade indiretamente em todo o Antigo Testamento. O Novo Testamento tornou explícito o que dantes estava implícito com a manifestação do Filho de Deus.
SUBSÍDIO TEOLÓGICO
“Nossa maneira de compreender a Deus não deve basear-se em pressuposições a respeito dEle, ou em como gostaríamos que Ele fosse. Pelo contrário: devemos crer no Deus que existe, e que optou por se revelar a nós através das Escrituras. O ser humano tende a criar falsos deuses, nos quais é fácil crer; deuses que se conformam com o modo de viver e com a natureza pecaminosa do homem (Rm 1.21-25). Essa é uma das características das falsas religiões. Alguns cristãos até mesmo caem na armadilha de desconsiderar a autorrevelação divina para desenvolver um conceito de Deus que está mais de acordo com as suas fantasias pessoais do que com a Bíblia, que é a nossa fonte única de pesquisa, que nos permite saber que Deus existe e como Ele é” (HORTON, Stanley (Ed.). Teologia Sistemática: Uma Perspectiva Pentecostal. 1ª Edição. RJ: CPAD, 1996, p.125).
CONCLUSÃO
Aprendemos na presente lição que Deus revela a si mesmo no seu grande nome e que a nossa adoração deve ser exclusiva, pois Ele é singular. O Espírito Santo mostra que o primeiro mandamento é muito mais que uma simples apologia ao monoteísmo, mas diz essencialmente o que Jesus nos ensinou: ninguém pode servir a dois senhores (Mt 6.24).
EXERCICIO
1) O que implica para a vida o mandamento “Não terás outros deuses”?
R. Exclusividade e entrega inteira para Deus. Não permitir que nenhuma outra coisa tome o lugar de Deus no coração.
2) Que mal a idolatria pode trazer para a vida de uma pessoa?
R. Um comprometimento com princípios pagãos de vida, que nada têm a ver com a vontade deDeus.
3) Qual é a importância do maior de todos os mandamentos?
R. Este mandamento era o fundamento da vida em Israel. Os israelitas deviam anunciar Jeová como o único e verdadeiro Deus em meio a uma cultura politeísta.
4) Por que a nossa adoração deve ser exclusiva a Deus?
R. Porque Deus é o fundamento da nossa vida.
5) “O Senhor nosso Deus é o único Senhor.” Que significado este mandamento tem para você?
R. Procure fazer com que o aluno expresse da maneira mais natural possível o que ele sente ao ouvir essa expressão.